sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Uma Taça, duas visões

A Taça da Liga Inglesa existe desde 1960/1961. Desde 1982, o seu nome está dependente do patrocinador, à semelhança da nossa Taça da Liga. É, das 4 competições que se disputam ao longo da época desportiva inglesa, a que os clubes menos importância atribuem. É muito comum jogadores que actuam menos minutos noutras competições serem utilizados nesta, sob pretextos variados. Uns porque pretendem simplesmente promover jovens, outros desejam que determinados jogadores recuperem índices competitivos, etc.

André Villas Boas (AVB), actual técnico do Chelsea, que partilha dessa opinião, diz que pretende "promover os jogadores jovens". Ao contrário, José Mourinho (JM), segundo AVB, cedo fez saber internamente que a Taça da Liga era um troféu a ganhar, por ser o primeiro título em disputa. Um clube, dois momentos diferentes, um objectivo idêntico: ganhar vantagem para conquistar títulos mais importantes.

JM quis ganhar vantagem conquistando ascendente psicológico sobre os mais directos adversários, AVB quer adquirir maior frescura física para se apresentar mais letal durante as competições que determinou como objectivo. 

Quando JM chega a Inglaterra, o Chelsea era um clube sem rotinas de vitória, portanto, à procura disso mesmo. Torna-se lógico que conquistar o primeiro troféu, logo em Março/Abril, era um bom aditivo psicológico para uma Premier League que, à partida, seria disputada até às últimas jornadas (Maio/Junho). Desde logo várias questões se podem levantar: 1.Haverá lugar a um "cansaço" físico, por não haver uma rotação completa de jogadores, ou, por outro lado, o factor psicológico sobrepor-se-ia a esse desgaste? 2.Correndo o risco de não ganhar a Taça da Liga, mesmo apostando tudo nela, será que a derrota psicológica e a fadiga acumulada se tornariam dois obstáculos ao objectivo principal? 

Quanto à primeira questão, ela foi respondida in loco pelos jogadores do Chelsea. Ganharam a Taça da Liga, e posteriormente a Premier League. Quanto à segunda, creio que ficará por responder.

O Chelsea neste momento é, indubitavelmente, um clube diferente. Tem uma rotina de vitórias implantada, continuando a dispor de condições financeiras de excepção. Subiu de patamar, portanto. AVB, ao afirmar que "abdica" da Taça da Liga, está a colocar a foco da equipa noutras competições. 

Lanço, então, uma pergunta:

O objectivo dos dois treinadores é ganhar vantagem em relação aos outros competidores, tendo em conta o objectivo final: ganhar a Premier League e a Liga dos Campeões. Partindo do principio que tanto um como outro atingem os seus objectivos para a Taça da Liga (AVB, lançar jovens; JM, ganhar ascendente psicológico), qual o meio mais eficaz para alcançar a sua meta principal? Os ganhos anímicos ou os proveitos da gestão física?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Candidatura de Fernando Gomes


Com a confirmação da candidatura de Fernando Gomes confirmada via Comunicado, são agora três os concorrentes à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (Soares Franco e António Sequeira completam o trio).

Confesso que, até este momento, me identifico com o modo de estar e de agir do actual presidente da Liga. Não é fácil, nos tempos que correm no futebol português, conseguir a quase unanimidade (senão mesmo, uma "total" unanimidade) junto de todos os intervenientes do nosso futebol.

Contudo, e sem querer colocar a pessoa de Fernando Gomes em causa, e muito menos a sua seriedade e propósitos, surgem algumas questões que se me colocam. Algumas, para já, são pertinentes. Podem deixar de o ser, mas de momento ainda o são.

  • Desde logo questiono a sua anterior candidatura à presidência da Liga:Quando ao tempo se candidatou a Presidente da Liga, que tinha em mente? O desenvolvimento dos objectivos por ele propostos para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ou, a subida para um patamar muito desejado mas nunca evidenciado por ele, a presidência da FPF?


Continuando a não duvidar da idoneidade de Fernando Gomes, outras questões se levantam relativamente a possíveis conflitos de interesse que possam resultar desta sua candidatura:

  • Será compatível o cargo presidente da Liga, e ao mesmo tempo candidato à FPF, sabendo-se de antemão que Fernando Gomes realizará algumas "operações de charme" junto dos (múltiplos) órgãos com poder de voto, e junto de clubes influentes, alguns deles que competem na Liga... a que preside?

  • Caso Fernando Gomes não renuncie à presidência da Liga, e caso perca as eleições do próximo dia 10 de Dezembro, irá ocupar o cargo de vice-presidente da FPF da lista que vencer, pelo simples facto de ser o presidente da LigaIrá dar o seu melhor em torno do projecto vencedor...que não o seu e contra o qual se candidatou?

Concluo citando o actual presidente da Liga, Fernando Gomes, que, aquando da sua tomada de posse naquele órgão, disse:

"A pressa é inimiga da perfeição e o pior que podemos fazer é dar passos em falso, fazendo crescer a tal ilusão de liberdade."

Será que pela boca morre(u) o peixe?

Nota de Abertura


"Sou um mendigo do bom futebol". Foi assim que Eduardo Galeano qualificou, ou quantificou (conforme preferir) a sua paixão pelo jogo. 

Se eu tivesse que explicar a outra pessoa o que sinto pelo jogo, seria esta mesmo a minha explicação. 

Este blog, ao longo dos posts que irei oportunamente adicionar, pretende expor linhas de pensamento (às vezes uma, outras vezes mais do que uma) sobre os mais variados temas, sempre relacionados com desporto, mais especificamente com Futebol. Umas vezes esclarecerei qual a minha opinião pessoal, noutras não.

É um espaço de reflexão aberto a todos os que queiram contribuir de forma positiva e construtiva. Qualquer tipo de reparo ou sugestão aos temas expostos, assim como à forma como são apresentados, e também a temas que gostassem de ver debatidos, são benvindos.

O objectivo é "lançar os dados", promover o debate e, se possível, chegar a conclusões.