terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Montanha Russa do Olimpo

O Homem é o verdadeiro criador dos Deuses. No futebol, como na vida, é assim. No futebol, como na vida, o Homem busca a materialização da perfeição, uma coisa concreta, que, por mais paradoxal que possa parecer, personifique e exemplifique o alcance do inalcançável. 

Actualmente, com factor financeiro a tomar conta do, agora negócio, Futebol, assiste-se à quase simultânea ascensão e queda de Deuses descartáveis. A publicidade e os restantes órgãos de comunicação fazem-nos subir o Olimpo de uma forma tão rápida, que só mesmo o mundo real os pode obrigar a fazer o caminho inverso a uma velocidade ainda superior. 

Ronaldinho Gaucho e David Beckham creio serem dois modelos concretos, e, ultimamente,  os mais ilustrativos, desta Deusificação reciclável. Dois casos distintos, no entanto. O brasileiro tinha, e ainda tem, quase que um talento nato para o futebol. Encantou-nos, acredito que a todos, mas infelizmente por poucos anos. O seu talento não foi capaz de acompanhar a evolução da sua imagem, da capacidade em gerar dinheiro e da sua vida social, resultando isso num declínio do jogador. Foi empurrado de clube em clube até ser leiloado pelo AC Milan para o Brasil, tendo a maior licitação sido feita pelo Flamengo. Já David Beckham é um caso diferente. Não tão naturalmente talentoso, soube construir a sua carreira alicerçada principalmente na vertente negócio do futebol, onde ainda hoje dá cartas. Um nasceu para ser Deus, o outro conseguiu criar essa imagem, procurando, numa fase descendente, outros mercados futebolísticos em expansão.

Actualmente surge na antecâmara do Olimpo o FC Barcelona. De forma comum, e sem qualquer tipo de dúvidas, ouvimos a frase: "É a melhor equipa de todos os tempos!". Não é assim tão linear que, apesar do atractivo futebol praticado pelos catalães, estes sejam homenageados como a melhor equipa de sempre. De tempos a tempos surge a necessidade de classificar algum agente do jogo como "o melhor de sempre", para mais tarde ser outro "o melhor de sempre", e depois ser outro. Que o digam o Real Madrid da década de 50, o SL Benfica de 60, o Bayern de Munique de 70 e o Ajax de Cruyff da mesma década, o Brasil de 82, o AC Milan dos Holandeses, etc.

À atenção do FC Barcelona: Hoje em dia destroem-se Deuses com a mesma facilidade com que se cria.

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